Impressão 3D na Confeitaria: Case de Sucesso Thais Dohler
Na última quarta feira, dia 15/03/2021, realizamos mais uma live da nossa série Cases de Sucesso, no qual abordamos a impressão 3D na confeitaria. A convidada da vez foi Thais Dohler, cake designer com mais de 10 anos de experiência no ramo.
Thais Dohler é especialista em bolos decorados, esculpidos e com efeitos especiais. Seu primeiro contato com a impressão 3D foi a cerca de 5 anos, com uma impressora 3D importada dos Estados Unidos. A partir daí, Dohler viu o mar de possibilidades com a impressão 3D na confeitaria e decidiu inovar na sua forma de trabalho.
Depois de tanto desmontar e remontar sua primeira impressora 3D, a máquina parou de funcionar. A especialista em bolos esculpidos se viu precisando de uma nova impressora 3D, mas também sentiu a necessidade de entender de uma forma mais técnica sobre a máquina que viria a ser sua companheira de profissão.
Foi assim que ela identificou uma oportunidade no curso de impressão 3D que disponibilizamos aqui na 3D Lab. De cliente a aluna, realizou a montagem da sua impressora 3D do zero e adquiriu ainda mais conhecimento sobre a tecnologia de uma maneira geral. Isso possibilitou expandir seus horizontes de maneira prática e certeira no que se refere a impressão 3D na confeitaria.
Se deseja saber mais, continue a leitura e confira o que a nossa entrevistada tem a dizer sobre esse ramo que promete ser tendência em um futuro próximo! Agora, se deseja assistir a live, o vídeo está aqui.
Quais eram as principais dificuldades enfrentadas quando começou a utilizar a impressão 3D?
A cake designer nos apontou dois desafios, sendo eles:
- justamente por se tratar de um produto importado, a falta de suporte e conhecimento técnico sobre a sua primeira impressora 3D a fizeram por vezes desmontar a máquina. No que se refere a impressão em si, nossa convidada nos contou que usou muito da internet ao seu favor. Na qual pôde ter acesso a diversos materiais que auxiliaram muito a sua trajetória como tutoriais, sites e vídeos no YouTube;
- a maior dificuldade apontada pela especialista na confeitaria foi a modelagem de peças e acessórios. Para tanto, Thais Dohler novamente soube usar a internet a seu favor, baixando modelos gratuitos relacionados ao seu trabalho diretamente da internet. Também buscou aprender e entender melhor sobre o assunto, identificando quais os softwares que possuíam melhor finalidade de acordo com cada proposta de projeto.
Quais são os principais desafios com a impressão 3D atualmente?
No ano passado (2020), Thais Dohler se viu fechando a sua loja de forma totalmente abrupta e inesperada devido à pandemia do novo coronavírus. A crise que atingiu fortemente o setor gastronômico a impeliu a encontrar maneiras efetivas para contornar a situação.
A solução foi investir em cursos online ao mesmo tempo que se ajustava ao trabalho em casa. Dessa forma, ela consegue ensinar técnicas e compartilhar anos de experiência na profissão aliados à tecnologia para seus alunos.
Um desafio que ela ainda enfrenta é mostrar o quão benéfico é a impressão 3D para o seu público. Isso porque muitas pessoas possuem um entendimento de que a impressão 3D não é algo totalmente acessível. Seja por custos, seja por conhecimento sobre tecnologia (como computadores, softwares etc.).
Na prática, nos deparamos com uma realidade diferente: o custo é bem acessível e o conhecimento pode ser facilmente adquirido.
Qual era a rotina de confecção dos bolos antes da impressão 3D e como é agora?
No início de sua carreira, Dohler tinha mais contato com a marcenaria. Isso porque para executar projetos mais complexos, a especialista em bolos esculpidos contava com o auxílio de suportes e estruturas que envolviam ferro e madeira.
A impressão 3D na confeitaria tornou este processo muito mais simples, pois a tecnologia expandiu as alternativas no momento de montar esta mesma estrutura. Ao invés de precisar usar da força física ou motora para entortar uma barra de ferro, por exemplo, basta imprimir uma peça de encaixe e direcionar a barra no ângulo necessário.
Existe as melhores datas do ano na confeitaria? Dentro deste cenário, como é possível explorar a impressão 3D?
Segundo Dohler, Páscoa e Natal são os períodos que demandam mais trabalho na confeitaria – embora ocorra constância de pedidos e encomendas durante todo o ano para alguns profissionais.
No que se refere a impressão 3D nossa convidada é certeira ao dizer que é fundamental personalizar a forma de trabalho, usando e abusando da criatividade para turbinar as vendas de uma maneira geral.
A título de exemplo, nos mostrou cortadores de biscoitos e pasta americana que remetem a datas comemorativas. Assim como a caixinha em formato de cenoura, no qual preencheu com bolo de mesmo sabor para vender durante a páscoa.
Há espaço neste mercado da impressão 3D na culinária? Quais são as dicas para quem está começando?
Em relação a sua área de atuação, a especialista em bolos com efeitos especiais acredita que é essencial inovar a forma de trabalho e que, por esta razão, é mais que possível fazer acontecer. A expressão “mercado saturado” não existe em seu vocabulário, pois a confeiteira aponta que é necessário oferecer o “algo a mais” que conquiste e atraia o seu cliente, assim como saber se posicionar frente ao mercado.
De acordo com a sua experiência pessoal, Thais Dohler é direta em sua primeira dica: quem está iniciando deve escolher corretamente a sua impressora 3D. Nossa convidada indicou ainda a impressora 3D Ender 3 da Creality, fazendo referência ao seu excelente custo benefício e qualidade de impressão.
A segunda dica também é com base na sua própria experiência profissional, no qual recomenda fortemente investir em um bom curso para impressão 3D. Isso porque tentar aprender sozinha consumia grande parte do seu tempo e, afinal de contas, tempo é dinheiro!
Se você quer seguir essa dica, conheça nosso Curso Online: Curso Online Intensivo de Impressão 3D!
Quanto tempo em média demora um projeto utilizando uma impressora 3D?
Thais Dohler nos contou que com o conhecimento que possui hoje, leva menos de cinco minutos para modelar um cortador em formato de biscoito. Esta mesma peça é impressa em aproximadamente 30 minutos, onde a confeiteira aproveita este tempo para realizar outras tarefas.
Ela também explica que em alguns casos realiza acabamentos e mistura materiais diferentes em suas peças impressas. Como é o caso da embalagem para bolo em formato de cenoura, no qual a mesma realizou um processo de pintura na parte externa e fez uso de folha de acetato na tampa da embalagem para dar o acabamento final.
É preciso saber modelar ou existe algum lugar que disponibilize os arquivos STL prontos?
Como explicado anteriormente em outra pergunta, Thais Dohler passou boa parte de sua trajetória com a impressão 3D baixando arquivos de modelos prontos da internet – que além do mais disponibiliza milhares. Ela inclusive se viu maravilhada com a comunidade de impressão 3D, no qual recebeu muito apoio e auxílio em vários momentos.
No entanto, para uma maior autonomia e liberdade na hora de aceitar encomendas, nossa convidada diz ser extremamente importante saber modelar. Ela aponta que até mesmo o conhecimento mínimo em um software de modelagem já é um diferencial. Para que assim, seja possível explorar ao máximo o que a impressora 3D pode fazer para otimizar a forma de trabalho.
Qual é o valor de investimento para começar a aplicar a impressão 3D na culinária?
O investimento necessário para introduzir a impressão 3D na culinária é, de acordo com a cake designer, em torno de R$ 2.000 para adquirir uma boa máquina de impressão 3D e um quilo de filamento. Levando em consideração que já se tem um computador para baixar modelos de forma gratuita, seria em média este o custo para começar a inovar e otimizar a produção de bolos decorados na confeitaria.
Em relação ao retorno financeiro Dohler nos conta que a depender da complexidade do bolo solicitado pelo cliente, já é possível receber em uma única encomenda o valor aplicado neste investimento. Isso porque o alto valor agregado ao produto torna possível cobrar mais pelo seu trabalho, o que turbina as vendas e a faz ser um grande diferencial na profissão.
E como funciona a segurança de alimentos na impressão 3D? É seguro o plástico em contato com o alimento?
Thais Dohler menciona que a maior parte dos alimentos disponíveis no mercado está envolto em plástico, portanto não é algo novo ou surpreendente. Outro ponto importante é que o filamento utilizado na impressão 3D para confeitaria se trata do PLA, um material atóxico que não expõe toxinas desde que não seja exposto ao calor.
Ao usar de exemplo a embalagem para bolo em formato de cenoura, e dar sugestões de como personalizar a peça, Thais Dohler inclusive abre um parêntese sobre sua preocupação com a segurança alimentar. Ela lembra que é importante evitar usar tintas e materiais tóxicos em partes que ficarão em contato com o alimento, sugerindo realizar o trabalho de pintura da peça somente de forma externa. Uma possibilidade também é proteger estruturas de ferro e madeira com plástico filme.
Vale lembrar que o PETG é outra alternativa de filamento a ser utilizado na gastronomia de modo geral, já que possui o selo FOOD SAFE que garante a saúde e segurança alimentar.
Ah, e não se preocupe. Sendo PLA ou PETG a sua escolha, a qualidade e sabor é o mesmo!
Encerrando a entrevista
Para finalizar, Dohler comenta a respeito do que mudou no seu custo hoje com a impressão 3D na confeitaria. Ela novamente nos mostra exemplos de peças que imprimiu em sua impressora e a estimativa de quanto material usou no processo. Em um topo de bolo, por exemplo, sua economia foi de aproximadamente 90% se comparado a uma peça similar comprada em loja.
Outro ponto abordado é que por receber alta demanda de pedidos que envolvem bolos que rodam, sobem e/ou descem, Thais Dohler está investindo em um projeto de engrenagens feitas a partir da impressão 3D. Para que assim, dependa cada vez menos de materiais mais complexos como o ferro.
A cake designer reforça a importância de se investir em conhecimento e, além de aplicar a impressão 3D no seu trabalho, também leciona um curso sobre Introdução à impressão 3D na confeitaria. Vale a pena conferir!
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